Amazônida
Sou a raiz da terra/
Com água de rio na veia/
Puro Guaraná/
Andiroba com maracujá/
Sou chibé com cidreira
Café com chocolate/
Sou a farinha de mandioca/
Sou canoa/
Sou a rua do igarapé
O rumo estreito da casa
Da Chindó
O pulsar do brega, siriá e do carimbó
Sou do mato
Mastigo tabaco
Pesco no rio, camarão miúdo e taumatá
Enquanto ouço o cantar do sabiá
Não saio desse cochicho/
De geleira e nem regatão/
Não temo boto rosa ou cinza/
Curupira, matim ou mãe d´água/
Ando com o meu cinturão/
De pele de cobra/
Não deixo o meu pirão de açaí/
Com peixe assado ou camarão/
Bejú ou meu vinho de jenipapo/
Com a cachaça de abacaxi/
Aqui não sou descriminado/
Sou bacuri
Tucupi
Sou biribá, tacacá/
Sou ladainha... sou o círio de Nazaré/
Porque sou alma dessa terra/
Égua sai de mim/
Sou macuxi/
Nem cobra grande ou visagem/
Sou descendente da Cabanagem/
Não sou asfalto/
Nem estrada sem rumo/
Sou ouro e prata/
Qualquer coisa com mururé/
Amo sentir o ar do ipê/
Nas mangueiras e manguezais escrever e lê/
Ah!... adormecer nos seios das índias/
Negras loiras/
Sestar na rede/
E banhar-me no rio/
Em noite de lua cheia/