O silêncio dos contentes
O silêncio dos contentes
é mordaz como um assalto,
faz neblina sobre o asfalto
ao ver sinceros dentes.
Logo a vida, tão desdentada,
se curva e, desarmada,
faz troça dos exigentes.
A felicidade fracassa
ao tentar ser sorrateira,
sua existência é zombeteira,
mesmo que nada faça.
Mas a tristeza, ser restrito,
se esconde a pleno grito
e faz, da neblina, extensa fumaça.