Apodrecimento

Todas as pessoas que toco... morrem,

Mas talvez seja eu o único a estar morrendo.

Diante dos meus olhos tudo está apodrecendo,

Tudo se esvai com meus sentimentos.

Leve minha funesta essência,

Bana a dor que existe no meu ser.

Corte o fio da minha existência e me leve,

Feito para perecer,

Nenhum elogio me serve.

Tétrica vida cheia de melancolia,

Pessoas se tornando epitáfios.

Vozes levam a minha paz nunca adquirida.

Sangue caí dos meus olhos,

Lágrimas remanescentes em minha ferida,

Morte para todos que toco...

Choro embalde por aqueles que matei,

Desfaleço diante do reflexo do meu ser.

Sangro embalde procurando alguém,

Sentenciado a não descobrir o que é viver.

Eles se vão antes mesmo de me conhecer de verdade,

Do meu alcance eles saem,

Feito para não ter uma alma gêmea.

Cada toque é uma vítima,

Amaldiçoado por essa eterna sentença.

Odioso toque que transforma vida em morte,

O meu toque lôbrego também me fere.

Os fantasmas não me consolam,

Dores que me mantém sozinho,

Medos que me controlam...

Vagando numa vida sem desígnio.

Seguro as memórias que não passam,

Enterro as histórias que não acabam.

Sem qualidades, um ser insípido,

Coberto de cicatrizes,

Desprovido de valores.

Vagando numa vida sem desígnio.

Carrego a minha cruz de espinhos,

Sangue, tristeza e lágrimas,

Dores insuportáveis marcam meu caminho.

Imerso na profana existência sem propósito.

Totalmente desprovido de qualquer estima,

Tantos fios com os meus se entrelaçaram,

Mas na vida deles fui mero estigma.

Eu nunca quis isso,

Quanto mais me escondo,

Mais vontade de sair eu sinto.

Quanto mais eu corro,

Mais sozinho fico.

Neste inferno ando,

Apodrecendo enquanto respiro.

Jaison Rodrigues
Enviado por Jaison Rodrigues em 15/04/2022
Código do texto: T7495935
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