LUA OU O ENCONTRO - 20 - Deixamos que o mato crescesse

Até nos demudarmos em espectros, nebulosas turvas,

a ecoarmos os acontecimentos seculares das fossas

de Babi Yar. Coincidência letal hoje, 2022, pela leitura

desse poema (pp. 46-47) que morre "nas fossas de Babi

Yar", sem divisões, sem desavenças, todos concordes ...

Narra ou lembra a wikipédia:

"Após a invasão da URSS pelas tropas

nazistas em junho de 1941, a cidade de Kiev acabou caindo em mãos

alemãs depois de 45 dias de batalha, em 19 de setembro."

E continua:

"O massacre foi realizado em dois dias,

a cargo da unidade C do Einsatzgruppen, o esquadrão

da morte das SS, apoiados por membros de um batalhão

das Waffen-SS; unidades da polícia ucraniana também

seriam usadas para agrupar e conduzir os judeus até

o local de fuzilamento, o que provocaria uma grande

discussão na Ucrânia após a guerra. Contrariamente

ao mito da "Wehrmacht limpa", o Sexto Exército, sob

o comando de Walter von Reichenau, colaborou com as SS

e as SD no planeamento e execução do massacre dos judeus

de Kiev. Além deste massacre, Babi Yar foi cenário de milhares

de outras execuções durante os dois anos de ocupação nazista

de Kiev. O número total de mortos na ravina não é exato, mas

o número mais aceito, cerca de 100 mil, foi fornecido pelo cálculo

de moradores obrigados a enterrar os corpos. Tempos depois,

o campo de concentração de Syrets foi erguido no local

e nele internados prisioneiros de guerra russos, civis

comunistas e combatentes da resistência, que ali

eram executados."

Não há motivos, LUA, para a lírica,

nem para a patriótica sequer. A morte violenta dos Abel

às mãos dos Caim, a bondade exterminada

tendencialmente pela maldade. Com que autoridade

o homem, qualquer, ousa assassinar o homem?

Nem ontem nem hoje, 2022. Triste e cru paradoxo:

ontem os nazistas provinham do estrangeiro: hoje

na Ukraina, em Kiev, os nazistas são compatriotas,

mas igualmente assassinam russos mesmo judeus.