LUA OU O ENCONTRO - 16 - O que não arde
No poema (pp. 53-54) o poeta brinca cru na vermelhice,
LUA, ou com a vermelhaça: o fogo e o sangue.
Será que procura a limpeza, a inocência
renovada, a purificação pelo fogo?
Uma teima minha, mais do que afeição
ou hobby e passatempo, são as missas
"pro defunctis" de compositores variados:
gosto das doadas a nós por Bomtempo, Mozart,
Dvorsak, Berlioz ... Mas há muitas mais que poderás
herdar de tua mãe ou de teu tio, segundo eles disponham.
Em todas elas, LUA, o arranque dos "Dies ille ..." costuma ser
forte, porquanto anuncia a dissolução do mundo pelo fogo ímpio.
Mas o sangue? É longa história ainda vigente hoje e vigente então, LUA,
quando tenhas anos para entender que o sangue fisicamente é vida,
mas simbolicamente torna-se em morte, em condena a morte,
se o sangue for acusado de impuro, de ser indigno de conviver
com o sangue dos outros que foram declarados possuidores
e fruidores de sangue limpo ... Quantas pessoas foram
condenadas a serem consumidas na fogueira
reduzidas a pó que o vento dissipa
por o seu sangue ser impuro,
ser assim declarado
em tribunal
fanático ...