Sem pensamento

Depois que o destino se apresentou,

tudo se fez distante,

a tempestade levou os papéis,

avançou a minha idade,

o vento varreu as palavras,

tão rápido num repente,

não foi mais que um instante,

foram-se todos os meus versos,

todos os meus ditos,

tudo que amei.

Lá estava a minha história,

tudo o que havia escrito.

Pare vento,

traga de volta tudo o que vivo.

Devolva o meu único livro,

devolva a minha voz,

devolva o meu grito.

Já que não haverá mudança

e se fora a esperança,

venha nave e me leve,

quero sonhar

e, quando acordar,

quero tudo entender.

Venha meu irmão

e me leve deste chão.

A noite vai e vem.

¿Mas o que aconteceu?

¿Onde está o dia?

¿Onde está a Luz?

¿Por que o eterno breu?

¿Onde estará o meu bem?

¿De que valeu seguir o “manual”?

¿De que valeu praticar o “certo”,

preterir o "errado"?

Apenas uma palavra fora dita

e nenhum som mais se ouviu:

“silêncio”.

Apenas uma cor se acendeu

e nada mais se viu:

“escuridão”.

Basta! Chega de tormento.

Portanto, venha meu irmão

e me leve deste chão.

Quero por aí flanar.

Cansei.

Ao tempo,

quero flutuar, vaguear,

sem cruzeiro,

sem paradeiro,

sem pensamento.

Linda interação da querida Ane Rose:

Bastou um instante

Para que o portal do tempo se abrisse

Transformando o alegre em triste

E mudasse seu semblante

Bastou uma poeira fina

Para derrubar paredes de concreto

E misturar o errado e o certo

Adornados por uma simples cortina

Bastou um átimo do tempo

Para arrancar as páginas escritas

Que carregavam toda uma vida

E espalhá-las para sempre ao vento...

Obrigado!