Imposturas
Há uma aliança inquebrável entre quem lê e quem ensina a ler. As palavras ardem embaralhadas, e a leitura a encadear uma a uma se transforma em ato que faz vestir outra alma. Rasga a pele o corpo as vísceras e se encalacra por dentro, sabe-se lá donde. Há um acontecer nesse exato momento. Um rasgo. Linguagem, ruptura. Na impostura da leitura, há um pacto de carne com quem escreve o que se lê, quem borda letra-a-letra como a costurar uma veste, ou uma ferida aberta. A boca não fala o que se escreve. Não se pode costurar a boca. A boca também não lê. Quem lê é a entrega.