Oceano e Desespero

Clara me disse,

com lágrimas nos olhos,

que estava sempre só

quando amanhecia.

Que nunca teve a sorte

de encontrar

alguém disposto a ficar,

no silêncio,

e quando se apagam as luzes

do último bar.

E eu senti,

um oceano

preso dentro dela...

e uma tempestade

pronta a estourar,

com o próximo gole.

Ela deixou o copo de lado

e afastou as lágrimas

com os dedos.

Não havia mais espaço

para nada

do lado de dentro.

E nada por falar

naquela hora.

Clara abriu um sorriso,

e se levantou

como se não houvesse peso algum

em suas costas,

e foi embora.

Encarei o copo,

e as cinzas

que ela deixou para trás

pensando que talvez

enfim,

alguém pudesse entender

minha incapacidade de amar.

talvez... apenas talvez,

ela soubesse

que há um certo romance

no engano,

no desespero

e na ilusão,

de quem espera,

pelo que nunca vai voltar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/04/2022
Código do texto: T7489871
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