Paisagem líquida

PAISAGEM LÍQUIDA

Rosália Cristina

O corpo que repousa na janela

observa, próximo, o rio.

O rio caudaloso cantarola

suas vozes de água doce

Ao fim da tarde, a paisagem, o frio.

Suas águas barrentas

que resistem à cidade,

se ondulam num bailar contínuo,

alentando o olhar do menino

que por ele faz sua passagem.

Não é travessia de corpo molhado,

é travessia de pensamentos!

O menino na janela

O rio caudaloso e barrento

Imagem viva, sem tela.

Observar o rio hipnótico

não é árduo, nem perigoso.

O rio pode ser sorrateiro,

Ao perceber o olhar zeloso,

de quem observa seu leito.

O rio é resiliente e vivo:

irrepetível jornada de águas.

Sob a janela e o menino

Oferece-se livre e passa

em correntezas, sumindo.

A tarde que vai com ele

Não leva do menino, o sorriso

Nem da janela, a possibilidade.

Deixa-os com novos rios

Que suas águas sempre trazem.

Rosália Cristina
Enviado por Rosália Cristina em 05/04/2022
Código do texto: T7488850
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