Caminhante

Viajava sozinho no tempo,

mãos dadas com o abandono.

Assim, como um cão sem dono,

não tendo onde chegar.

Pelas ruas vazias de vida,

antes largas avenidas...

Pelas calçadas despidas,

pelas noites sem luar...

No coração só o gelo,

nos lábios sequer um apelo,

ou suplica por esperança.

Não mais nos seus olhos se via,

o brilho que teve um dia,

E hoje ficou na lembrança.

Seguia talvez rumo ao norte,

ou quem sabe, rumo à morte,

Que um novo alento traria.

Os sonhos, anseios de outrora,

Já tinham ido embora,

Juntos com a sua alegria.

Solitário caminhante,

Por esse mundo errante,

Vá procurar seu amor.

Que ontem a vida lhe trouxe,

E hoje, por ironia,

A mesma vida levou..