QUEIMANDO COMO A SAUDADE
Te sinto nos estalos dos meus ossos, na candura de cada chegada.
Te sinto quando o tempo se enfeza, quando o não prevalece.
Te sinto nas horas em que tudo desmorona, tudo se revira do avesso.
Te sinto se as dores cantarem em uníssono lindamente.
Te sinto quando o vento morder enfurecido.
Te sinto naquele tempo cruel, frio, descamado, desnudo.
Te sinto se minhas juntas fraquejarem, ameaçando ruir de vez.
Te sinto naquele viés atônito, insone, destituído.
Te sinto quando me fizer incapaz, torto e louco.
Te sinto quando a alma chora e as certezas viraram pó.
Te sinto se o chão olhar feio e as paredes chicotearem.
Te sinto se não houver rima, arremate e nem passo novo.
Te sinto apesar dos tombos, ossos falidos e mãos vazias.
Te sinto agora com cada letra queimando feito o adeus pra sempre.