Da última vez que vi Beatriz
Na última vez que estive com Beatriz
passei do limite comigo mesmo
no sentido de esperar
que algo pudesse acontecer
além da realidade dos fatos
postos na mesa.
enfim.
Um mês antes eu a tive em meus braços
e um porcento,
talvez,
do poderíamos ser
se concretizou,
como um raio tocando o chão,
apenas por um instante.
E meu estômago se desfez
num enxame de borboletas
e meu peito disparou
num estalo
de ilusão.
Quando juntei o que restava de mim,
no meio dos pensamentos
que inundavam minha cabeça
os dedos de Beatriz
escorreram da minha mão,
e ela desapareceu
numa escada giratória
como se tivesse fugido
para outra dimensão.
Impossível relatar a extensão
do meu desalento
e do meu desencanto.
só não foi maior
do que dor
de vê-la em braços aleatórios
pouco tempo depois,
por circunstâncias
e coincidências
astrais
imprevisíveis
incontroláveis.
e além da compreensão.
Mas eu bati meus pés no chão
em protesto,
contra minha inocência.
contra a teimosia
do destino,
e contra a minha vontade
de morrer.
Sigo vivo para insistir no erro,
Teimoso,
muito mais do que ela
Muito mais do que eu previa
que eu poderia ser.