O medo medonho
Eu não lembro desde quando eu morro de medo de corredores escuros. Pavor.
Passo bem rápido - quase que correndo.
Eu não lembro desde quando eu morro de medo de olhar por cobogós/basculantes à noite. Vai que vejo um olho me olhando de lá!
Passo olhando pra baixo - quase que tapando a visão periférica.
O medo - nesses casos - é uma sensação tosca arretada. Deve vir da minha infância assombrada por Freddy Krueger, Jason...
Pois ontem, pasmem, ontem eu me desafiei. Era noite e eu desliguei as luzes e o músculo da perna queria imprimir um ritmo que eu não obedeci. Olhei firme para o basculante e caminhei normalmente com o copo d'agua na mão. O corredor escuro nem deixava desenhar minha imagem no espelho.
Lentamente. Devagar. Eu. Caminhei.
Senti pena dos clássicos do terror dos anos oitenta. Da falência da validade das caras e caretas. E cheguei a rir da insolência de Chucky.
Mas, quando eu pensei que as gêmeas poderiam estar por ali em algum lugar...
Não lembro bem de mais nada... quando cheguei no quarto, a água do copo tinha toda caído e eu estava deitada na cama tentando não ver a forma de uma pessoa na toalha que estava pendurada atrás da porta.