Sou nordestino, pra não deixar dúvidas do Ceará
sou conterrâneo de Chico Anysio e outros Chicos
conterrâneo dos Manuéis, Joões, Paulos e Pedros
para dar mais status conterrâneo de José de Alencar
tal qual eles também sou um exímio driblador
anjo torto das pernas tortas um Bené "Garrincha",
driblei minha mãe Quininha, driblei a parteira
e a data de nascimento, assustando meu pai Expedito
e saí driblando, desconcertando, a torto e direito,
driblei o índice de mortalidade infantil
driblei funerárias, coveiros e cemitérios
driblei uma tal de esquistossomose, coqueluche, bronquite
varíola, catapora, sarampo, verminose, poliomielite,
driblei o tracoma, tuberculose, leptospirose, hepatite
driblei o analfabetismo," coronéis" e subnutriçao
o preconceito social, racial, bairrismo, fanatismo.
Driblar é uma arte, é a marca do nordestiino
cabra marcado pra não morrer nordestinado
nordestino com "ene") maiúsculo.
Estou aqui moido, sofrido, mas bem vivinho
pelejando, xingando, gingando, driblando, vibrando
entortanto a implaclável morte até o drible final.