REVOLUÇÃO NIILISTA

Tento adiar as horas,

o tempo e o pensamento,

até apagar meus atos,

minha voz,

e saber o outro do corpo

dentro do silêncio da multidão.

Na contramão da ação

vislumbro a revolução

do nada,

a deserção como estratégia

de ruptura absoluta com a caduquice do mundo atual.

A melancolia é meu freio de emergência,

meu protesto,

minha defesa da vida

que não foi vivida,

meu grito contra a morte

que cotidianamente

nos é imposta

pelos burocratas da alegria,

do consumo,

da produtividade e da normalidade moral.

Tento fugir do tempo pequeno

do sentido da vida,

da verdade,

da história,

até acordar em mim o intempestivo,

o que escapa a ordem,

que desinventa a alma,

e devem primitivo e esquivo.

Carlos Pereira Junior
Enviado por Carlos Pereira Junior em 28/03/2022
Código do texto: T7483125
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