REVOLUÇÃO NIILISTA
Tento adiar as horas,
o tempo e o pensamento,
até apagar meus atos,
minha voz,
e saber o outro do corpo
dentro do silêncio da multidão.
Na contramão da ação
vislumbro a revolução
do nada,
a deserção como estratégia
de ruptura absoluta com a caduquice do mundo atual.
A melancolia é meu freio de emergência,
meu protesto,
minha defesa da vida
que não foi vivida,
meu grito contra a morte
que cotidianamente
nos é imposta
pelos burocratas da alegria,
do consumo,
da produtividade e da normalidade moral.
Tento fugir do tempo pequeno
do sentido da vida,
da verdade,
da história,
até acordar em mim o intempestivo,
o que escapa a ordem,
que desinventa a alma,
e devem primitivo e esquivo.