ENTRE O SÁBADO E A SEGUNDA-FEIRA
Em teus olhos marítimos
aguardam-me sereias
Em tuas mãos aveludadas de pêssegos
armadilhas de sonhos me esperam
Em teus cabelos libertos ao vento
incontáveis Medusas me espreitam
Em teus lábios introvertidos
funduras infindas me devoram
Em teus braços alongados à frente
diminutos fios de seda urdem me entrelaçar
Deixo-me seduzir por inteiro
neste domingo que se desliza
por teu corpo banhado de suor doce
enquanto o mundo lá fora se dissolve
no quente sol de meio-dia
e eu, aqui, refrescando-me
no orvalho da tua sombra ao meu lado
Acaso já não fosse em ti esposado
pediria para fugirmos juntos
e desaparecer como um final de tarde
por detrás dos montes em que habita
um imenso céu de horizontes prolongados
Se amanhã não formos mais casados
colocar-te-ei em teu dedo uma estrela furtada
e te pedirei novamente em noivado
Quer casar comigo, até mesmo casada?