“Havia um Mal-Me-Quer”
Ali sentado à beira de uma janela,
está um poeta ou uma poetisa, de caneta na mão.
Talvez vá escrever sobre uma cela ou uma estrela;
conforme o poético sentimento do seu coração.
Lá fora aviões de terror intimidam o Ar.
Gritos intimidam os naturais sentidos.
O vento transporta odores de dores de putrificar
os caminhos dos debandados perdidos.
A folha ainda está em branco,
mas a mão, essa não pára de tremer;
talvez vá escrever sobre o sangue de modo franco
Mas existe uma falésia entre tremer e escrever.
Lá fora homens vão a marchar.
Lá fora carros blindados vão a intimidar.
Lá fora as armas se limitam a disparar.
Lá fora não há uma criança sequer a brincar.
O poeta ou a poetisa se decidiu a escrever.
Mas eis que de repente uma bomba à beira da sua janela veio rebentar!
Tudo voou como aflitos pássaros. E a folha levitou até cair e alguém ler
“Havia um Mal-me-quer branco na terra, o Homem passou para a esmagar”
Vergílio de Sena
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