“Havia um Mal-Me-Quer”

Ali sentado à beira de uma janela,

está um poeta ou uma poetisa, de caneta na mão.

Talvez vá escrever sobre uma cela ou uma estrela;

conforme o poético sentimento do seu coração.

Lá fora aviões de terror intimidam o Ar.

Gritos intimidam os naturais sentidos.

O vento transporta odores de dores de putrificar

os caminhos dos debandados perdidos.

A folha ainda está em branco,

mas a mão, essa não pára de tremer;

talvez vá escrever sobre o sangue de modo franco

Mas existe uma falésia entre tremer e escrever.

Lá fora homens vão a marchar.

Lá fora carros blindados vão a intimidar.

Lá fora as armas se limitam a disparar.

Lá fora não há uma criança sequer a brincar.

O poeta ou a poetisa se decidiu a escrever.

Mas eis que de repente uma bomba à beira da sua janela veio rebentar!

Tudo voou como aflitos pássaros. E a folha levitou até cair e alguém ler

“Havia um Mal-me-quer branco na terra, o Homem passou para a esmagar”

Vergílio de Sena

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Vergílio de Sena
Enviado por Vergílio de Sena em 26/03/2022
Reeditado em 26/03/2022
Código do texto: T7481510
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