A PELE DE DEUS

Nuvens jorram sangue

exalando um vermelho leitoso

sobre o desmaiado azul da tarde

De repente todo céu se viu

tingido pela quentura

de um laranja insano

a espantar o anil

para além da escuridão

da noite que já se avizinha

O mundo parou para sentir

o acariciar do lusco-fusco

por sobre meus cabelos

salpicados de relva e grama

a contemplar o céu

além do infinito

O paraíso deve ter as paredes pintadas

em cores de cenouras tangerinas e pêssegos

Urge voltar para casa

antes que alguém se preocupe comigo

e com esta minha fugaz desaparição

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 26/03/2022
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