A PELE DE DEUS
Nuvens jorram sangue
exalando um vermelho leitoso
sobre o desmaiado azul da tarde
De repente todo céu se viu
tingido pela quentura
de um laranja insano
a espantar o anil
para além da escuridão
da noite que já se avizinha
O mundo parou para sentir
o acariciar do lusco-fusco
por sobre meus cabelos
salpicados de relva e grama
a contemplar o céu
além do infinito
O paraíso deve ter as paredes pintadas
em cores de cenouras tangerinas e pêssegos
Urge voltar para casa
antes que alguém se preocupe comigo
e com esta minha fugaz desaparição