SENSAÇÕES RENOVADAS

 

Livrei-me dos olhos cansados

Da compacta tragédia cotidiana

Lágrimas de sangue e ódio puro

Corroendo o rosto sob a máscara.

 

Eu tenho agora meu olhar limpo

Para enxergar toda beleza da flor

E do inseto que busca nela o pão

E a vida se espalhando pelo vale.

 

Livrei-me dos ouvidos cansados

Dos ruídos apocalípticos bailando

Vozes dissonantes buscando o tom

E sobre cancros, marcas de batom.

 

Eu tenho agora o ouvir mais puro

Percebo a sinfonia da brisa na tarde

E a canção inebriante que se forma

Na paixão forte que no peito arde.

 

Livrei-me do meu ofegante olfato

E da ilusão que me distrai o tato

Odores de pesadelos do passado

O amargor azedando o meu jantar.

 

Eu tenho as sensações renovadas

E as portas da percepção abertas

Não sou mais pássaro em revoada

Nem me rastejo por rotas desertas.

 

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 25/03/2022
Reeditado em 25/03/2022
Código do texto: T7480363
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