UM HOMEM ALAGADO

Tomo café sem açúcar

de doce já me basta o sangue

em seus resultados de exame

Tomo café para acordar do sono

antes que o sono de vez me leve

para o lugar em que dormem os dormidos

que não conseguem mais despertar

Posso me levantar da cama

mas difícil é deixar os sonhos

se evaporando nos travesseiros suados

onde gotejei meus desejos oníricos

na mais recente noite abandonada

Tomo café sem açúcar e sem pão

para ficar de dia sempre acordado

na espera das chuvas e dos chuviscos

a fim de ficar agora todo encharcado

no banhar meigo dos meus sonhos molhados

Meus sonhos são fluentes e fluídos

e por dentro sou úmido e aquático

Devia era ter nascido peixe

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 23/03/2022
Reeditado em 23/03/2022
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