Enquanto Homens Benzem e Explodem Armas
Enquanto homens Benzem armas e explodem bombas
E mísseis como vetores de espetáculos de horrores
escurecem de feiúra o rosto do céu
e lágrimas e dores e feridas nos cegam
Explodem flores estupidamente belas
com encanto e alegria
Exalando cores e inundando com seus perfumes os vários cantos do mundo
Enquanto os fuzis, pistolas e revólveres armam de covardia homens carentes de valentia
Enquanto tiros de rifles atordoam nossos tímpanos
Enjoam os nossos estômagos
E tudo vira espetáculo
Explodem sorrisos escancarados de homens anêmicos porque lhe falta Poesia
Gargalham enquanto corpos - irmãos apodrecem nos silêncios dos seus túmulos, valas, ao relento
E o lucro se acumula em seus bolsos
Anestesiando o que ainda resta do coração
Pobres homens !
São tão pobres que só lhe restam a ganância, dinheiro e acúmulos
Nunca terão o querem
E nunca serão nada!
Tornam - se doentes
Sem se perceber
como mortos-vivos
Transeuntes bastardos
Enfileirados que decidem
por imbecilidades e idiotices:
explodem vidas, distroem
esperanças !
E encardem de dores e lágrimas ,
o porvir de inocências
Porque lhe falta Poesia
- no prato, nos matos, nos rios, nos lençóis
- em suas igrejas, escolas, ruas, e em todos os lugares
- em suas camas, em suas redes, em suas roupas, em seus vazios, em suas peles, em seus poros...falta poesia encrustada em sua alma
E como idiotas se armam
e armados maculam esquinas
com suas fomes, com suas sedes
vorazes por ser machos
Já que a frustração por não saber ser homem
Lhe consome dia e noite
Pois de nada sabem sobre a beleza do ser mulher
Sobre elas nada entendem
Apenas como coisa que se come
Ou como acessório de uso fútil em vitrines
Enquanto isso explodem flores estupidamente bonitas,
disseminando sua força tênue, tenra, singela, sensível!
Enquanto as flores explodirem
Os corações de alguns homens explodirão da extraordinária força que sua alma possui
Na composição de seus caminhos
na beleza dos seus sonhos
com a leveza do afeto
do olhar caloroso e bonito
Confirmando no outro
a beleza que nele pulsa em sintonia com outros homens
com suas almas
em compulsão de alegrias
Enquanto canhões e tanques de guerra expelem a sua volúpia horripilante de sua miserável razão cega e atordoada de si mesmo
Atingem sotaques, etnias, povo, credo
Sem distinção!
Nascem sem razão
Flores por outros lados, por outros lugares ...de vários modos
Mas é preciso sentir as flores mesmo diante da potência arrogante de bombas e mísseis
Explodem dentro de nós flores várias
colorindo e perfumando
Irrigando os nossos corações
Enquanto o barulho tonto da guerra não cessa
Ouçamos o nascer das flores a atiçar e louvar o tempo
Cada instante que se perpétua como testemunho da celebração da vida
Em cada colo que nossa alma nós dá!
Ouçamos o nascer das flores
Ouçamos o seu batismo com o raiar de um novo dia
como uma belíssima canção sem fim a colorir nossa audição
Que se anestesia com a força bélica de demasiada crueldade
Ah! Ausência dos cheiros dos jasmins
Que nunca mais explodam bombas em nossos corações
Mesmo que canhões e tanques sejam benzidos
pistolas e facas sejam Abençoadas,
revolveres e facões sejam Bentos
E benditos por bocas satânicas e demoníacas disfarçadas por bons nomes
Maltrapilhos de grife
sem Deus
que com medo, apenas creem
e nada sentem
Que ardem em coivaras e labaredas
de hipocrisia ambulante
Perambulam como fascistas
Ledo engano de si mesmo
Jurando o Santo Nome
perante aplausos ocos e sonolentos
holofotes de delírios
de poder que alucinam,
Aberrações coagulantes
Hipócritas!
Vermes !
Vampiros da fé alheia
Comerciantes de louvores
Desnutridos da Boniteza da poesia
Que tanto nutre e anuncia
Um mundo sem a feiura das armas benzidas, ungidas e sacralizadas pela tontice de muitos homens tolos
e estúpidos.
Planta em cada pedaço de chão
Flores em demasia
E colhe safras de perfumes e com tuas mãos sujas do sumo floril
Abraça teus irmãos
E sepulta as armas - todas elas
E esquece de padecer como cego e surdo e hostil às bonitezas
- Oh! Malditos homens!
(raicarvalho)
22032022
manhã