Desafetos
O ódio dos que me amam
O amor dos que me odeiam
Os ódios dos ódios
Os amores dos amores
As mentiram dos que odeiam
As verdades dos que me amam
As mentiras e verdades
Dos que me amam
E dos que me odeiam
E eu sem ódio e cheio de amores
Sem tempos pra coisas miúdas
Minúsculas
Pequenas
Meu olhar afeta
Com afetos
Não tenho tempos pra desamores
Sou vadio das canalhices poéticas
Sou prostituto convicto dos altares com liturgias profanas
Me embebedo os átomos de orvalhos marginais
Não tenho tempo pra desafetos
Nem de proselitismos e aberrações que só cabem em corredores carcomidos pela ferrugem com as exatas medidas das misérias da razão!
Não tenho tempo pra desafetos
Quero os afetos das flores (de todas elas) com seus sorrisos matizados com o perfume do saber ser flor
Quero os afetos das flores ( de todas elas )
Com seus sonhos em cores do privilégio do ser flor
Quero os afetos de todas as flores ( mas de todas elas )
Com os cheiros de sua beleza encharcada da grandeza de ser singular
Quero tempo pra os afetos
Não tenho tempo pra desamores
(raicarvalho)
18032022