ESPARADRAPOS
Desnaturar o vôo d’uma ave,
ou adulterar o furor da onda,
assemelha uma peça redonda
que perde sua circunferência.
Remendar alvo pensamento,
límpido em tempos remotos,
hoje repleto de esparadrapo,
deformado no esquecimento.
Deletéria mente remendada,
vexames e dores escondidas,
borrões, nódoas imerecidas,
mancham nossas vergonhas.
Inda coberta de vão disfarce,
na modernidade cor da pele,
a alma opressa por mil vezes
teria oferecido sua outra face.