FENÓTIPO
Meu pai me queria embaixador,
minha mãe que eu fosse educado.
Leio Henry Kissinger
e Eric Hobsbawm;
sou afável, gentil
e muitas vezes até mesmo amigável.
Tornei-me psicólogo.
Sei e falo tanto palavrão.
Faço poesia que nem meu pai,
sou civilizado, polido e respeitoso,
mas de quando em quando
me movo de fato é na contramão.
Sou uma mistura de cromossomos
que não deu para ser errado.
Se por um lado fui um filho desejado,
por outro posso ter frustrado,
mas no somatório dos meus contrários
sou um homem quase completo,
feliz e bem realizado.
Nasci dos meus pais
e foi a vida quem me fez.
Ambos me quiseram assim:
este Joaquim imperfeito,
pronto e consumado