JORNADA
Quero poder buscar-me onde estive.
E alhures hei de encontrar quem fui.
Abduzido hei de encontrar quem serei,
Neste eterno e atemporal momento,
O Ser que era se lastima na jornada.
O que serei se posterga indefinido,
Prolixo coalesço passado e futuro.
Verve eloquente de poeta inconsútil.
Reconcilio-me em todos e em tudo.
Prescrevo-me bisbilhotando versos.
Quero poder achar-me lá de onde parti,
Vendo-me decidindo errático e solto.
Sinto-me dentro mim, olhando-me lá fora.
Sonho achar quem fui onde ficou.
Meu diverso e consecutivo alguém.
Olho-me, sou nenhum, sou ausência.
Sou procura desvairada transviada.
Solicito-me apresto em me profetizar.