ARREMEDO

Quem me viu quebrando a esquina da tarde,

não sabe mais o nome de que disponho.

Nem nó de réplica de destino pré-fabricado,

canta tão certeiro quanto fio de navalha benta,

que abre na marra caminha em peito fechado.

Eu vi que tem coisa atrás de fala cantada,

e intenções serpenteando abaixo do quadril.

Vi que tem arrependido arrastando a velhice,

na mesma rua em que passam as saias da virtude,

onde agoniza o juízo da miséria febril.

Desencontro do samba com seu batuque de dor,

desgosto que corta a alma que não mais aqui está.

Essas coisas todas ficaram presas em gaiolas enferrujadas,

cobertas de manto de noite de esquecimento e reza,

disfarçando gostos amargos e dedos cortados nas cordas da viola.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 14/03/2022
Código do texto: T7472547
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