ARREMEDO
Quem me viu quebrando a esquina da tarde,
não sabe mais o nome de que disponho.
Nem nó de réplica de destino pré-fabricado,
canta tão certeiro quanto fio de navalha benta,
que abre na marra caminha em peito fechado.
Eu vi que tem coisa atrás de fala cantada,
e intenções serpenteando abaixo do quadril.
Vi que tem arrependido arrastando a velhice,
na mesma rua em que passam as saias da virtude,
onde agoniza o juízo da miséria febril.
Desencontro do samba com seu batuque de dor,
desgosto que corta a alma que não mais aqui está.
Essas coisas todas ficaram presas em gaiolas enferrujadas,
cobertas de manto de noite de esquecimento e reza,
disfarçando gostos amargos e dedos cortados nas cordas da viola.