MERCADO INTERNO

Guardo o silêncio, um, pois, que reverbera

nos limites do que há em mim de elétrico,

e é feito uma resistência tensa que aquece

completamente toda essa minha atmosfera

(e cobra sem dó a dor desta sauna interna,

que não importa se é verão ou se é inverno,

porque ele o ressecará sob qualquer época,

e a cada vez que contiver um grito na goela).

E após às dezoito, algo contra a luz acontece,

e parece que o dia cumpriu a sua promessa

— manteve altas as cortinas e o palco aberto,

mas o poeta preferiu caçar o rastro do verso.

E não é a fome do futuro o que me atravessa:

é o mistério da palavra e o que fazer com ela.