VIRAMUNDO
À mesa,
aquele velho
tornava-se outro.
Magnoloquo,
douto.
Lises sanadas em éter;
derivado
à sorvida Antiguidade,
num sopro.
Não que sábio
não o fosse
o Velho!
Ele,
eloquente.
Eu,
aos 4,
ou 5
alunado
em ignóbeis
e descortesas
faltas vis.
Naqueles longínquos Orientes
(dos babilônios, persas, efésios),
ecoando pela antessala
frases,
orações,
períodos e mundos difusos;
discursos profundos.
Forjei à escória
dos mais íngremes confrontos,
quantificados à fugidia
Metahistótria,
ou casamatas duma Física
anterior à mim;
aos épicos,
aos sacerdotes primários,
aos guerreiros centenários.
O meu velho não se alheava
dos píncaros ancestrais,
dos mais céleres
cataclismas delirantes,
das transposições pré-Exodídicas
ao Agnus Dei.
Nos Himalaias
já escrita
a ressonada ascensão
de um arcanjo áurico,
e outro revolto,
presenciei.
Fosse o tempo
a sentir-me um infante lauto,
em sabáticos elóquios,
como únicos;
como poucos.
Ele,
apresentava-se à mesa,
eu nem me sabia ainda!
O Velho
à tônica de si,
era o Outro.
Não mentia.
(RODRIGO PINTO)