Homo - coisificados

Eu senti nojo

Eu sinto nojo

Eu sentirei nojo eternamente nojo

Vi homens vistosos

Bem vestidos

Como se não bastasse, vi mulheres,

Onde normalmente não vejo

porque onde imperam os machos,

cheiro de mulher só por utilidade

Macho não gosta de mulher

ele usa como utensílio

Vi ! Eu vi

Não acreditei

E estou ainda sem acreditar

Um silêncio me corroeu por dentro

Pois vi poucas mulheres e muitos homens arrotando verdades sob o cajado de suas arrogância

Não tive lágrimas pra chorar

Diante de tanta dissimulação!

Tanta covardia !

Tanta mediocridade!

Vi mulheres e homens

Jurando mentiras em nome do sagrado Santo Nome !

Prostrando-se cinicamente diante

de um animal anti Deus que cheiro de estrume estéril

Um verme anêmico

Um fantasma ovo

Um espantalho dos demônios

Corpos objetificados, prostitutos da prosperidade, do lucro fácil e doentio

Diante de um anti Cristo vestido de arrogância, preconceito e vulgaridades, fantasiado de mentiras e hipocrisia

Eu vi ! Eu vi ! Eu vi !

E até hoje não acredito no que vi

Vivi um pesadelo medonho, uma assombração!

Eu nunca senti nojo de gente

Mas quase vomito

Me embrulhou o estômago

Tive , sim , vontade de vomitar as minhas vísceras

tostadas por minha indignação

Percebi que ainda estou vivo

Ainda posso me indignar

Fechei os olhos sem querer acreditar

Vi sorrisos vazios, postiços, insossos

Sorrisos falsos em sintonia diametral

com a falta de vergonha ali - nua, mal vestida, escancarada ao poder do tempo

Ouvir palavras ocas e vazias penetrarem o nada e ovularem esterilidades

Vi ovos de serpentes expostos aos cegos porque nada querem enxergar

Eu vi !

Eu ouvi !

Eu senti nojo ! Vontade de vomitar

E nunca vou entender

Eu fico em silêncio

Pedindo a Deus compreensão

Por tantas juras em nome de um outro Deus exposto nas vitrines de interesses vis, mesquinhos,

que poucas mulheres e muitos homens comungam de outra tal prosperidade

Tanta hipocrisia sem tamanho

Tantas mentiras deslavadas

Juras e juramentos em nome do sagrado justiceiro e vingativo

Eu vi

Homens e mulheres

Prostrados diante de um deus - Bosta

diante de um deus - Nada!

Diante de um deus - Merda

Fajuto, covarde e imbecil

Ridículo, frio e arrogante!

Tirano

Vi tudo o que pode acontecer

Diante da ausência de criticidade !

Sem reflexão e discussão

As feiúras se alastram

O inferno se sedimenta, cria raízes e asas

Vi o fascismo propagado com placas

de vendas em corpos vendados !

Corpos objetos enfaixados em gravatas e paletós comprados com o suor-sangue de gente nobre e bonita porque não nos seus rastros

São por demais dignos pra não cometerem tal atrocidade

Vi o fascismo de carne e osso face à petrificacão da necropolitica

Bem vestidos !

Bem cortês

Disfarçado de bom moço !

Vi muitos homens e vi poucas mulheres

Na sua mais débil tontice

Na sua mais nobre imbecilidade

Vi poucas mulheres e vi muitos homens embalsamados no mesmo estrume

Vendidos como bons pratos de merda

Comprados como boas latrinas apodrecidas

Negociados como vômitos pútridos

Oh! Mulheres e homens

Donde tiras tais convicções,

tais certezas e ações,

atitudes e ideias?

Dá - me medos teus livros sagrados

Meus medos

Teus modos

Eu vi mulheres e homens submissos

A promiscuidade em troca de prosperidade

De lucro e acúmulos com o crivo justificado como sagrado!

Tive medo

Tenho medo

Tive nojo

Tenho nojo

Que horror é ver e sentir que no lugar de plantação de tantas feiúras

Perde - se a colheita de tantas Bonitezas

Vi homens

Vi mulheres

Colhendo antes do tempo lucros inférteis

Lucros estéreis

E cegos e tontos

Seguem a volúpia de sua burrice e brutalidade

Perante aplausos insossos, incolores, com os fedores da sua falta de caráter

Mulheres e homens sem afeto

sem delicadeza

com olhares frios

a detonar as Bonitezas

do outro que dança em sua caminhada

como um louco desvairado por amar a vida

E sentir Deus

Ao contrário de mulheres e homens

Que através do medo e se prostram

como coisas em eterna coisificação

(raicarvalho)

08032022

noite

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 09/03/2022
Reeditado em 11/03/2022
Código do texto: T7468863
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