ME ENCONTREI DE REPENTE

Sempre que amei

tive vontade de gritar o amor

e meu encantamento

aos quatro cantos

soltá-lo ao vento

para que todos ouvissem,

comentassem,

sorrissem,

festejassem.

Sempre que amei

quis anunciar em outdoors,

faixas, cartazes,

em letras garrafais...

Escrever nossos nomes

em folhetins

e atirá-los ao mundo

pelos bicos de todos os pássaros

pelas janelas de todos os aviões

numa festa sem fim...

Sempre que amei

tive vontade de pichar os muros

pela cidade inteira

talvez pelo mundo,

em todas as línguas

com todas as letras

cheinhas de cor,

tintas carregadas

de cio e de amor.

Mas de repente

me encontro diferente!

Surpreendentemente,

quero um amor silencioso

calmo, discreto, dengoso...

Um amor que seja somente

meu e do amado...

que ninguém dele saiba,

que ele fique fechado

e seja segredo

guardado ciumentamente

e apenas devassado

na imensidão da poesia.

E, mesmo assim,

que contamine toda a gente

como uma epidemia.

Sal
Enviado por Sal em 22/11/2005
Código do texto: T74666