Insone

E no cansaço em que me aconchego,

O sono chega trazendo-me paz.

Entrego o corpo à febril dormência,

Dentro ao sepulcro em que ele jaz.

Nas madrugadas, quando enfim desperto

No frio quarto e na escuridão,

Abro os olhos sem saber ao certo

Se temo a morte, ou a solidão...

O sangue rubro que o peito tinge,

E pelos poros tão sutil escorre,

Não diz da dor que se vê, florida,

No mesmo instante em que se vive, ou morre.

Saudade é dor que nos desatina,

Amor é mal que não aceita cura,

Uma ferida aberta que nos consome

Enquanto a vida por teimosa, dura.