PÁSSARO FEIO.
Um pio me despertou
Para a qualidade do nada.
Era um pássaro feio e que
gozava de penas molhadas.
Ele observava uma formiga
contemplar a árvore.
A árvore flertava meus olhos,
e não concordava com minha
desventura.
Eu quis dizer que estava mais
Voltado para a felicidade,
mas meu jeito de olhar
gerou indecisão.
Nesse transe o pássaro
Piou na minha pele
O pio resvalou no coração,
e arredou a nuvem que me cobria.
Pus um dedo no território
dos esquecidos,
e percebi que a pluralidade
neste local tem seus critérios.
O pássaro percebeu que
tinha me tocado e pulou
de galho.
Foi aí que a formiga criou
asas na imaginação.
ela escondeu no seu gueto ,
divagou nas penas molhadas
do pássaro.
O pássaro se encantou e partiu.
Eu me perdi,
sai deste oásis e cai no lamaçal.
Mergulhei na nossa sociedade.
Essa não tem jeito.
Me ajeitei na cadeira,
Peguei a medalha que minha
Vó me deu.
Pensei, para a sociedade
ela não vale nada.
Para mim vale as lembranças
e saudades.