A Melancolia de um Pavão
Anseei o mundo
Parti para o horizonte
Bati minhas asas
Fechei os olhos
Tentei voar.
O vento me soprou
Do penhasco ao céu
Sentia-me flutuar
Fiz do finito um eterno momento
Meu coração pesado
Me vi cair do abismo
Sem luta,
admirei o tempo
Nuvens se desmanchavam
Pássaros cantavam
Vi o céu emaranhar suas cores
Vidas ao longe sob lençóis urbanos
Refugiei-me
Envolvi minhas penas sobre o peito
Acariciei meu coração
De olhos mareados
Contemplei o destino
Agraciei a vida com um sorriso
Beijei minhas cicatrizes
Meu mártir à melancolia
Fiz um pedido ante a eternidade
Desejei paz ao meu coração
Me permiti partir.