ESCULPIDA, A PALAVRA.

Dói-me a saudade

Dum tempo em palavras

Que, aos buquês,

Despetalava sobre nós

Aveludado perfume.

Entristece-me a saudade

De como em quandos

Esmaecida; desanoitecia,

Renascida em rimas

Raiando poesias.

Machuca-me a saudade

De quando em teu corpo

Habitava minh'alma

E meu desejo por ti

Exalava jasmim.

Magoa-me a saudade

Em essência de flor

E de sentimentos tão lindos

Quando nas linhas em curvas

Brilhavam nossos olhos.

Assim como as estrelas

Ainda que mortas,

Acendem o céu;

Palavras esculpidas

Ainda que esquecidas

Ressuscitam o amor.

Elenice Bastos.