AMORA

Os clarins da madrugada

anunciam que a noite alta

e o seu vento de tangerina

fecharão o verso. E a poesia

flutua nos cobaltos dos vidros

das nuvens quase derretidas

nos movimentos e acrobacias

do bege transparente da crina

lateral das sombras entre o espaço.

Qualquer tempo não importa agora

— somente os tons suaves da amora

intumescida dos seus lábios de baixo.