ENGRENAGENS - colar de Spina (SPINA – Nova Forma Poética)
COLAR DE SPINA
ENGRENAGENS
1
Estrato sem lubrificante,
Faltando graxas, óleos,
Apenas dentes moendo.
Roendo por dentro, por fora
Roem as vísceras, tudo mais.
Ideias, ideais vão sim fazendo
Uma única teia como novelos
Por dentro se segue remoendo.
2
Vísceras são soltas
Pelas ruas, avenidas
Quase marcas fixadas.
São nós desatados sem precisão,
Somos nós atados como amarras
Em pulsos, pernas até caminhadas
Outrora livres, feito voos rasgados
Em plenitude como ideias sonhadas.
3
Rasgados são todos,
Tolos, perdidos sãos
Sóbrios até esquecidos.
Inválidos das noites como dias
Estão jogados pelo largo solo.
Assim, em lamúria, meio banidos
Como seres sem ser, impróprios...
Perfurados pelos seus, são feridos.
4
Jogados aos cantos,
Nem sempre quatro
Muitas vezes tortos.
Sem algum esquadro paredes cercam,
Cerceiam uma liberdade quase rústica:
Ríspida machuca sem parada, portos.
Nem descanso, corta toda epiderme
Lâminas, bisturis em corpos mortos.
5
Lâminas da engrenagem:
Desfaz-se em movimento,
Mecanismo rumo colisão.
Impacto relevante no corpo, alma,
Corre pelos vasos, sulcos, nervos
Num único impulso, pura emoção
Brotando por entre mãos, dedos.
Em busca de uma mansidão...
6
Impulso que pulsa
Coração por dentro,
Peito todo aberto!
Textura pelas lentes da vida
Em esboço, risco torto, vão,
Desenho já límpido é certo,
É reto, curvo pelas estradas
Que conduzem ao ser liberto.
7
Límpido na alma
Escorre pela face
Feito um cristal.
Escoa pelo seu corpo inteiro
Sem receio de suas verdades.
Envolve cada dia, forma fatal
Sem limites, apenas um gozo
Pleno como um jeito banal...
8
Limites já foram:
Hoje uma visão
Sem risco, trato.
Tempos de estio, largo repouso
Que descansa pelos soltos dias.
Vem como em momento sensato,
Como pousando mãos em afago...
Vislumbra cada peça do estrato.