Por que a poesia

não guarda meu mundo?

A poesia como vidro moído,

se esparrama ao vento

a corroer-me as entranhas.

Esse seu modo absurdo...

Eu não consigo reviver

o tempo da felicidade.

Rever um amor esquecido,

ter o beijo d'um filho.

Consigo ser somente,

o mesmo filha da puta que sempre fui.

Beber do álcool de minha preferência,

guardar as mesmas manias.

Brindar com fantasmas,

regugitar excrescências,

depois, calar, adormecer...

Até lembrar, que qualquer hora, 

devo morrer!

 

19.02.22