Desconcertante
Faz tanto tempo, que confesso, não lembro
Se a amava mesmo, ou por ser amador
Inventava o amor sem medir dor - épico,
Como é dado a amar todo o sonhador.
Não me cabe mais ser tão romântico
Anos e o desamor endurecem o coração
Mas o sentimento adolescente e utópico
Imputou indulgência à minha feição.
Pois quando ela me apareceu diante
De repente pareceu que o tempo não passou
E a amei, de inexato, por um instante.
É mesmo desconcertante para quem amou
Rever o velho amor; já que, eternamente,
Serás para mim; um amor meu que acabou.