ADEUS JOAQUIM
Aos poucos me vou despedindo de morrer
Cada vez menos vou a velórios
não me restam muitos a enterrar
As casas juvenis já se foram
tragadas pela fome dos homens
e aterradas pelo progresso das cidades
Porém ainda perduram as praças
e as placas das ruas em que morei
Acabaram os jogos de amarelinha nas calçadas
e os balanços amarrados em galhos de árvores
(ninguém mais come
as lágrimas derramadas dos oiteiros)
Para onde foram as tanajuras
se já não vejo mais as centopeias?
O que o menino tinha para perder
ou sumiram ou se extraviaram
entre ruelas, travessas, becos
e uns outros tantos gargalos
Já vesti todos os lutos que devia envergar
agora me recuso ao agasalhar dos próximos
Hoje não é mais a vida que se afasta de mim
sou eu que me retiro dela
Estou quase desistindo de continuar morrendo