VICIOSA

Quando a vi fiz nuvens de caminho,

flutuei leve no seu pergaminho

raro, uma seda que me falava

— o seu corpo é o meu astrolábio.

Depois de tê-la, o sol é mais quente,

a lua é mais prata e o ar

se torna rarefeito, dissidente,

nesta asfixia da minha alma.

De repente uma dor se instala,

a da guilhotina almiscarada

do desoxigênio da sua falta

ambidestra: de Deus e do Diabo.

E se volta após as minhas súplicas,

bebo seu mel e cheiro seu açúcar.