A Deriva

Eric do Vale

Um poeta, certa vez, desejou

Os seus brinquedos de volta

E agora, sou eu quem faço

Esse mesmo desejo, quando

Me sinto acuado sem ver

Nada em minha direção

Com excessão do medo.

Outro dia, acordei assustado

Com o que sonhei e apesar

De tudo não ter passado

De um pesadelo, confesso

Que jamais eu havia ficado

Bastante impressionado.

Uma polpuda conta, cedo ou tarde,

Me chegaria e as gavetas, uma hora,

Haveriam de ser abertas bem como

Os demônios seriam exorcizados.

Sem saber direito que rumo

Tomar, mas sei que parado

Não dá para ficar e fugir

Também não vai adiantar.