CARMA
Não! Por favor, não venha me dizer
− numa pose do alto do seu salto –
que dentro dos meus olhos nunca leu
o tenso desejo amordaçado,
entre as chamas de mil labaredas,
e mais o asfixiante soluço
intermitente desta febre tesa
que a convoca num gemido mudo.
Será que estou mesmo condenado
à sina que transforma em fracasso
tudo o que almejo, o que caço
breu a breu, de ocaso a ocaso?
Seu corpo é feito o tal poema:
quanto mais distante, mais me algema.