Entrecortado silêncio

 

Tarde sumindo, pássaros chegando, um deles vem voando tão sozinho, chamando a minha atenção... o meu olhar acompanhou o seu voo, até o seu triste pouso ao chão. Não satisfeito, por entre as folhagens foi se esconder, não desisto, fico roubando a sua beleza, na copa da árvore, consigo ver... Outros, a ele vão se juntar, começa a cantoria, delicioso alvoroço final de mais um dia. A noite não tarda a chegar, desfilando pelos céus resta deles, um par, apaixonados, por aí à voar! Querem assistir a cor do sol se desfazendo aos poucos... esqueço das horas roubando seus voos, com ar de riso, teriam eles, sido feitos para me alegrar? Deles, tanto preciso. É uma paixão, essa mistura dos seus voos que atiçam a minha imaginação... desço o meu olhar às roseiras, defronta, com a beleza e medo, os espinhos ferem cedo. Caminho, silêncio entrecortado, eu, personagem solitário, vou embora, sem acenar para o sol, sempre o mesmo em qualquer lugar... Retalhos de sonhos, do tudo e do nada, a vida não tem remendos, escorregadia é a felicidade.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 15/02/2022
Reeditado em 13/09/2022
Código do texto: T7452820
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