O poeta é uma tempestade viva
Sinto que é o poeta uma tempestade viva,
destas que escolhem onde vai chover.
Que dosa sua força num lugar e outro,
Precipitando-se a seu bel prazer.
Quando quer fazer chorar,
o poeta faz chover as suas dores,
Seja chuva normal ou granizo.
Ele faz cair as lágrimas,
na quantidade certa que é preciso.
Quando quer amedrontar o leitor,
faz do céu um breu total.
Deixa transparecer no papel, cantando cirandas com os seus trovões, fazendo-o lembrar de tudo aquilo que lhe causa dano.
Quando raivoso o poeta não esconde.
Descargas elétricas resolve gerar.
Usa a caneta como para-raios,
Canalizando toda a sua ira, queimando a folha sem nenhuma dó.
Mas quando está em paz,
O poeta sabe espalhar as nuvens e abrir espaço.
Deixa passar a luz do sol...
Faz da caneta um girassol,
Com as suas palavras a alimenta.
Na boa terra que é o seu papel.
O poeta é como uma tormenta.