UM ENSAIO ANTES DA ORQUESTRA
No céu da minha mãe
anjos tocam flautas e harpas
e os santos violoncelos
Por entre arcanjos e serafins
crianças brincam com as estrelas
pulando nas nuvens como se fossem
pequenos bancos de areia
No céu da minha mãe
as paredes são invisíveis
todas pintadas de azuis
por onde ecoam o som suave
dos sopros e das cordas
embalando o sono digno
dos abençoados e dos justos
E as almas cristalinas
cintilam como luzes
bailando felizes por todo o sempre
nessa festa infindável
que só termina quando o Sol se põe
muito depois de quando acaba
o infinito e a ilimitada eternidade
No céu da minha mãe
perfilam os rostos dos mortos
e de todos meus outros encantados
que sorridentes me aguardam
para recompor a família da infância
no tempo em que erámos felizes
por toda inteira imortalidade