Desalento

A poesia tem agonizado

Era pra fluir como manancial

Era pra ser no íntimo, afago

Era pra ser minha nau

Onde anda meus versos?

Parte intríseca do meu existir

Meu clamor e refrigério

A máxima expressão do meu sentir

Era pra ser meu alimento

Era meus passos na escuridão

Poesia desgarrada, fez-se lamento

Encolheu-se em uma outra dimensão

As rimas tornaram-se estranhas

Já não a reconheço nesse desalento

A angustia rasga-me as entranhas

Entre os dedos sobraram fragmentos

Sinto ao longe um tom de despedida

Um vulto que ronda meu desespero

Ao meu olhar agora uma desconhecida

Seu regresso em meu ser almejo