PROIBIDA

PROIBIDA

Confesso o meu medo

desses velhos segredos

que guardo aqui dentro

no cofre do pensamento.

Eu nunca soube se devo

achar uma forma ou meio

de você ter conhecimento

de tudo. De todo o roteiro

das febres altas e desejos

vividos no severo silêncio

dos sonhos que o tempo

transformou em pesadelos.

Foi logo depois do primeiro

dia que a vi num momento

muito antes do movimento

que a vida fez com a gente.

Tenho de pôr um parêntese

(eu a antevia sem presença

e planejava a sua vestimenta

do corte mínimo da fazenda).

Você foi minha em poemas

explícitos escritos mil vezes

no mesmo verso insistente

e suado e sozinho e ardente.

Desviava o meu olhar quente

da neve do seu corpo fluente

de perto, de longe e sempre

abafava um tremor veemente

que contorcia meu bom senso

e punha em mim o desespero

de pular no vão do desfiladeiro

entre o cânion da sua ausência

e a cena calada do meu cinema.