AOS BEDÉIS DA DOR
Que me salvem as sereias do deserto,
e as fagulhas tenras do perdão.
Que me salvem os guizos soturnos da fé,
e o galope atônito desse chão atroz.
Que me salvem as miçangas do rei,
e o eco desnorteado do adeus.
Que me salvem as rebarbas urradas do ócio,
e as franjas encardidas do querer-bem.
Que me salvem o sono areado do gozo,
e a tranca rimada das revoadas perdidas.
Que me salvem as anáguas amotinadas sem saída,
e o requebro alvissareiro de quem for.
Que me salvem os sotaques escusos do medo,
e as miçangas roucas das pegadas em flor.
Que me salvem cada quinhão de descaso,
e o bojo abrupto dos que restarem;
Que me salvem os aplausos carregados de suor,
e o soco desarmado dos bedéis da dor.
Que me salvem os que ainda vão nascer,
e a suave cantoria desse cangaceiro de mim.