PONTO FINAL
muitos amores se perdem em corredores de ônibus
entre carros brancos que avançam
e vermelhos em pane
entre caminhões que não se cansam
imponentes como um brâmane
jovens amores asfixiados
pela fumaça das fogueiras sem dono
e dos sedãs outrora reluzentes
que agoram carregam sobre si o próprio outono
desnudando radiadores por detrás dos dentes
não há mais onde se botar um coração
senão entre os escombros do que não foi tombado
para que venha o dia da coleta e tudo se acabe
e a memória, cativa, seja posta num quadro
entre cavalos em chamas e paisagens árabes