CANÇÃO À LUA

 

Ó Lua!
Emerges fulgurante e cheia no horizonte
E inundas meu coração
De intensa poesia!

Ao som da doce música que provém de ti
Teço uma sonata
Em louvor à minha Bem-Amada!

Lembras-me a minha infância longínqua e vagamente feliz
Quando mamãe
Inteiramente transfigurada em ternura
Assim dizia:

 

Lua, lua, luar!
Toma em teus braços
O meu filhinho
E me ajuda a criar!


Meus indóceis tímpanos desde então
Jamais ouviram outra canção
Tão bela e tão cheia de amor materno
E de materna alegria!

Lua, luar…
Quantos loucos
Já não fizeste felizes
Presenteando-os com um cântico de amor!…
Quantos velhos poetas
Já não rejuvenesceram
Ao quedarem-se e(s/x)táticos
Ante a tua exuberante aparição
E pronunciarem teu pequeno nome…

Eu te amo como quem caminha absorto olhando o horizonte com ansiedade
Na expectativa de ver-te surgir faceira
E, enquanto não chegas, saboreia uma
Gostosa espiga de milho,
Ó Lua!
Gostosa lua de agosto!

Lua noctívaga!
Pairas sorridente no céu
E teu neônico sorriso beija as águas do mar
E deixas no profundo de minh’alma
Uma vaga carícia
Um não-sei-quê de melancolia
E comungo beijos e abraços
Com a Mulher – essa lua incompreensível e nefelibata –
Que está ao meu lado
Inebriada de ti!
E navegamos – enamorados –
No oceano do amor
Ó imarcescível, ó cândida Lua!

 

Melgaço, Pará, Brasil, 27 de agosto de 1997.
Composto por Jaime Adilton Marques de Araújo.
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